Ribeirão Preto / SP - domingo, 05 de maio de 2024

Exames complementares

Exames complementares

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   Vale a pena tecer alguns comentários sobre os exames mais comumente solicitados.

            O eletrocardiograma (ECG) é um exame simples, de baixo custo e sem riscos para o paciente,  importante para avaliar o ritmo cardíaco, porém representa  o registro de apenas um momento, o que limita muito sua utilidade no diagnóstico de arritmias cardíacas. O ECG também é de fundamental importância no diagnóstico do infarto agudo do miocárdio. Entretanto um ECG normal não exclui a possibilidade de o paciente estar com uma doença cardíaca grave ou mesmo um infarto agudo do miocárdio.

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            O teste ergométrico, exame da esteira, é solicitado na maioria das vezes para se diagnosticar isquemia miocárdica, ou seja, obstrução das coronárias (artérias que irrigam o músculo cardíaco). Contudo, uma limitação deste exame é que ele tem a capacidade de detectar apenas obstruções críticas das coronárias, e sabe-se que lesões não críticas (obstruções inferiores a 60% da artéria) também podem de uma hora para outra causar infartos. Outra limitação, é que mesmo nos casos de lesões graves, em 25% das vezes este exame é falho e em 30 % das vezes o exame pode dar alterado e na realidade o paciente pode não apresentar lesões graves. Deste modo a interpretação do resultado de um exame vai depender muito da análise da intensidade das alterações e da probabilidade do paciente ter a doença. Ou seja, um exame alterado em uma pessoa com alto risco de ter uma doença coronariana tem significado diferente do mesmo exame em uma pessoa de baixo risco. Deste modo o teste ergométrico não deve ser realizado de forma indiscriminada, pois, pode acarretar, em algumas situações, stress e realização de exames invasivos e de alto custo desnecessários para o paciente.

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            A cinecoronariografia (cateterismo cardíaco) é o exame definitivo no diagnóstico de obstrução coronariana, contudo não é um exame isento de riscos (0,1 % de complicações graves). Sempre pesamos os riscos e os benefícios de se solicitar um cateterismo. Mesmo com evidências significativas de isquemia miocárdica, um cateterismo, pode ser normal em até 15 % das vezes e isso ocorre porque outras doenças podem dar sintomas e alterar exames de modo semelhante à doença cardíaca coronariana. Lembramos, contudo, que deixar de fazer um cateterismo pode significar deixar de proporcionar um grande benefício ao paciente, como por exemplo evitar um infarto do miocárdio.